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O selo de validade da Embrapa?

O selo de validade da Embrapa?

Luiz Ferreira da Silva*

No início da década de 70, com a Ceplac no auge – modelo exitoso de Desenvolvimento Rural Integrado- fui várias vezes convocado pelo Dr. Almiro Blumenshein para ajudar na formatação da Embrapa, participando de Grupos de Trabalho com técnicos dela, a exemplo do Dr. Wenceslau Goedert e de outras Instituições, como Bernardo van Raij, do IAC/SP. Foi assim que contribuímos para a implantação dos Centros do Cerrado (Planaltina) e do “Feijão com Arroz”, em Goiás, bem como a reestruturação da Unidade de Solos. Mais tarde, convocado pelo Dr. Tourinho, orientei a transformação do Centro de coco em Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE.

Era uma nova visão de se fazer ciências agrárias, criando uma eficiente infraestrutura, treinando pesquisadores e valorizando as diversas carreiras profissionais, seja no aspecto pecuniário (salário justo), seja no incentivo ao aperfeiçoamento tecnológico e científico.

Assim, como a Ceplac, criou-se um espírito de corpo institucional, com efeitos sinérgicos, que, sob comando de gestores competentes e capacitados, possibilitou revolucionar o agronegócio brasileiro, haja vista o “boom” dos cerrados.

Pois bem. Decorridos 47 anos, a Embrapa pede socorro, como clamam técnicos de renome, no afã de revitalizá-la, seguindo o caminho da Ceplac, que lhe emprestou régua e compasso, como se houvesse um determinismo – as Instituições agropecuárias têm selo de validade.

Num lampejo, nos meus 82 anos, me vem à memória o apogeu e declínio do ICB (Instituto de Cacau da Bahia), da Ceplac, da EBDA (Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário) e de tantas outras que morreram com menos de 30 anos, ainda jovens. Agora é a vez da Embrapa?

Para ajudar o leitor a se reflexionar, vale a pena discriminar, dentre outras, três causas do debacle ceplaqueano: (1) Perda da autonomia financeira; (2) Interferência política nefasta; e (3) Não renovação do seu quadro profissional por mais de 30 anos. Também, averiguar sobre o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), que foge a regra, pois com mais de 120 anos se mantem proficiente.

  1. Luiz Ferreira da Silva – Pesquisador aposentado e Ex-Diretor do Cepec/ Ceplac

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